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28 de julho de 2017Votação em fábrica no Mississipi decide sobre direito dos empregados de se filiar ao UAW
Trabalhadores norte-americanos da Nissan estão em luta para constituir um sindicato. Um plebiscito para decidir sobre a sindicalização dos trabalhadores da fábrica de Canton, no estado do Mississipi, sul dos Estados Unidos, deverá ocorrer entre 31 de julho e 1º de agosto. A montadora, denunciada mundo afora por práticas antissindicais e por violação dos direitos trabalhistas, sempre resistiu à medida. E mesmo após a aprovação do processo eleitoral, ainda tenta intimidar os empregados.
Segundo ex-ministro e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) Paulo Vannuchi, que acompanha, nos Estados Unidos, as ações em solidariedade aos trabalhadores, a Nissan é tida como uma das empresas que promove as ação mais truculenta contra os trabalhadores.
Ele afirma também, em comentário na Rádio Brasil Atual, que essa luta “mistura a luta sindical com a luta por direitos raciais, já que o estado do Mississípi traz viva a história do regime de segregação racial que vigorou até a década de 1960. Na fábrica, a maioria dos trabalhadores é composta por afro-americanos e latinos.
A luta dos trabalhadores para poder contar com um sindicato que os represente coletivamente, no caso o United Auto Workers (UAW), entidade que reúne trabalhadores da indústria automobilística dos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico, ganhou novo impulso em março, quando cerca de 5 mil trabalhadores, sindicalistas, estudantes, políticos e ativistas realizaram a Marcha no Mississípi, para exigir que a empresa respeitasse os direitos dos trabalhadores. Estiveram presentes o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e o o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres.
Desde então, a Nissan vem promovendo diversas ações, de demissões a constantes reuniões, com objetivo de conduzir seus empregados a não aderir à campanha pela sindicalização. Há cerca de 10 anos, lembra Vannuchi, até mesmo o ex-presidente George W. Bush chegou a visitar a fábrica para pedir que os trabalhadores não se sindicalizassem, quando o plebiscito foi derrotado pela primeira vez, prática também reproduzida pelo governo local.
Na “lavagem cerebral” desencadeada, representantes da companhia afirmam que a sindicalização pode levar à queda da produção, e comparam com o declínio da indústria automobilística em Detroit, berço das montadoras norte-americanas, que enfrenta forte crise desde finais da década de 1990 – e não pelo fato de seus trabalhadores serem organizados, mas em decorrência da globalização e da reestruturação produtiva, que fez com que o nível de sindicalização de trabalhadores do setor privado na maior economia do mundo despencasse para menos de 10% desde o início dos anos 1980.
Segundo a legislação norte-americana, para que os trabalhadores sejam representados por sindicato, é preciso que a proposta seja vencedora por maioria em votação, envolvendo todos os funcionários da fábrica, com o aval do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB), o órgão fiscalizador.
Para apoiar a luta dos trabalhadores da Nissan pela direito à sindicalização, estão previstas, na próxima semana, ações em todo o mundo. No Brasil, protestos que denunciam as práticas antissindicais da montadora serão realizadas nas agências da marca. Entidades sindicais do mundo todo, como a CUT e a CNM-CUT, têm realizado campanhas em defesa dos empregados da montadora há anos.
Trabalhadores dos EUA recebem apoio da CUT em luta contra montadora japonesa
Jackson (Mississipi) – Um grupo de parlamentares ligados aos movimentos sociais no estado norte-americano do Mississipi recebeu ontem (29) integrantes de uma campanha mundial pelo direito à democracia nas relações de trabalho na montadora Nissan. A unidade da fábrica japonesa – instalada na cidade de Canton, na região metropolitana da capital, Jackson, e onde 70% dos trabalhadores são de afro-americanos –, é denunciada por descumprir convenções internacionais e empreender medidas de terror para que seus empregados não se associem ao sindicato do setor, a United Auto Workers (UAW).
O presidente da CUT, Vagner Freitas, e o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), João Cayres, integram a delegação. A campanha é liderada pela UAW – que reúne metalúrgicos do setor automotivo da América do Norte – e apoiada por lideranças estudantis, religiosas, políticas e comunitárias.
A comitiva recebida na manhã de ontem pelo senador estadual Derrick Simmons e o deputado local Jim Evans, ambos do Partido Democrata e com origem no movimento sindical, visitou as câmaras legislativas do estado e da prefeitura da capital.
“A presença da CUT fortalece esta campanha por se tratar de uma das mais importantes organizações do mundo”, afirmou Evans. Os parlamentares cobram da montadora – principal empresa do estado – a abertura de diálogo e respeito às reivindicações da comunidade, uma vez que conta com subsídios públicos e incentivos fiscais para instalar sua planta local.
Para que a UAW seja reconhecida como representante sindical, é preciso que a adesão seja aprovada por 50% mais um dos empregados. A companhia, no entanto, é acusada de promover intensa campanha contrária – movida a perseguições, ameaças de demissão e de fechamento da unidade na cidade. “Queremos apenas o direito a uma eleição limpa e que cada parte expresse seu ponto de vista democraticamente”, disse Evans.
Em audiência pública na Câmara Municipal, Vagner Freitas ressaltou o papel do movimento sindical nos avanços sociais nos últimos anos no Brasil e na América Latina, e a responsabilidade dos sindicatos de atuar em sintonia com os interesses de toda a sociedade.
“Nossa presença aqui representa a continuidade de uma luta que vem alcançando bons frutos. É uma luta inspiradora, como é a luta do povo negro americano em defesa de sua dignidade. Apesar dos avançados já obtidos, ainda há um enorme fosso de desigualdade a ser superado. E para isso é necessário um movimento sindical forte e respeitado também nos Estados Unidos. Viemos somar nossas forças, experiências e culturas, porque sozinhos não existimos”, afirmou o presidente da CUT.
Cayres lembrou que a conduta da Nissan em nada protege o desempenho da empresa – está historicamente comprovado que melhores salários e condições de trabalho estão diretamente associados a períodos de bom desempenho nos lucros da fábrica – e emperra a superação das desigualdades sociais, ainda fortemente presentes no Mississipi, estado mais pobre dos Estados Unidos.
“A superação das desigualdade e de toda forma de discriminação é bandeira importante de todo movimento sindical”, disse o dirigente da CNM-CUT.